Ao bancarem a construção da hidrelétrica de Balbina, os militares queriam pôr seus nomes na História como os líderes que desenvolveram a Amazônia. Entraram… como os responsáveis por um dos maiores impactos à natureza, cuja dimensão e efeitos ainda estão longe de serem plenamente conhecidos.
Considerando que ainda é impossível medir ou explicar todas as perspectivas de um impacto tão gigantesco, que alagou tanta floresta, transformou metade do grande rio Uatumã em uma poça quente salpicada de ilhas – por volta de três mil, de várias formas e tamanhos, algumas com vários quilômetros quadrados de área – a Rebio Uatumã está longe de compensar os efeitos da construção da UHE Balbina. No entanto, ela é peça fundamental para o que os ecossistemas da região restabeleçam seu equilíbrio, seja ele qual for, protegendo uma amostra importante de floresta (são quase um milhão de hectares protegidos) e nascentes importantes da bacia do Uatumã, integrando a importante iniciativa de conservar a região da calha norte da bacia Amazônica, numa faixa de áreas protegidas que vai desde a Cabeça do Cachorro, no alto rio Negro, até o litoral do Amapá.
As reservas biológicas são as unidades de conservação mais restritas quanto às atividades permitidas. Apenas trabalhos científicos ou claramente educacionais são autorizados. A Rebio Uatumã, assim como as demais unidades de conservação, não deve ser vista como (e, portanto, tornar-se) um enclave alienígena no território brasileiro. Pelo contrário, deve ser um dínamo de desenvolvimento local ambientalmente responsável.
Trabalhando nesse sentido, a Rebio tem buscado se consolidar como estação de pesquisa, se estruturando fisicamente e fortalecendo a cooperação com as instituições afins. A realização de pesquisas reflete de várias maneiras na gestão da reserva e transforma o conceito – negativo, seja dito - das comunidades locais acerca de uma unidade de conservação tão restritiva. As pesquisas geram uma reação em cadeia de muitas ações, todas positivas para o meio ambiente e para a sociedade. Além da relação direta entre o conhecimento sobre a natureza do local, da diversidade de vida, dos efeitos do barramento do rio Uatumã, entre tantas perguntas que podem ser feitas ali, e a eficiência que terão as ações de manejo, fazem parte dessa reação em cadeia: a possibilidade de uma alternativa de renda aos moradores da região com a contratação de auxiliares de campo nas próprias comunidades, a aplicação e apropriação destes conhecimentos pela sociedade local, a oportunidade de campo a jovens cientistas, dentre muitas outras situações que se desdobram dos projetos de pesquisa em benefícios para as pessoas e para a natureza.
A Rebio possui um sítio RAPELD completo e integra as áreas do PPBio/INPA. Além disso, por possuir um labirinto de ilhas artificiais, é um laboratório único para estudos relacionados à biogeografia, metapopulações e efeitos da fragmentação da floresta. Os pesquisadores que trabalham na área da Rebio contam com suporte do Programa de Apoio da Rebio que disponibiliza a infraestrutura de bases e acampamentos, barcos e equipamentos, bem como outros insumos necessários às atividades de campo, conforme negociação entre UC e pesquisador.
Para conhecer mais os trabalhos do PPBio na Rebio Uatumã, visite o site do PPBio.
Para ver mais sobre a Rebio Uatumã, assista ao vídeo.
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Um comentário:
Caião, o vídeo ficou Fantáááástico!!
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