Como um exemplo concreto, essas atividades estão chegando a Manaus. No final de setembro, chegarão ao INPA especialistas em fungos poliporóides da UFPE (Tatiana Gibertoni e Allyne Christina Gomes Silva) e da Universidade de Oslo (Leif Ryvarden). Eles vão ministrar uma disciplina da pós-graduação da Botânica e depois trabalhar na coleção de fungos do herbário INPA. Também está prevista a visita de um colega da UESC (Jadergudson Pereira) especialista em Xylariaceae. Tomara que seja a fagulha que falta para motivar mais alunos a trabalhar com os fungos na Amazônia.
23 de setembro de 2009
Lista vermelha das espécies de fungos ameaçadas de extinção... isso existe no Brasil?
A dificuldade de acesso à informação e a falta de integração entre os pesquisadores limitam a capacidade de planejar a conservação de fungos no Brasil
Segundo a IUCN, cada táxon (espécie ou subespécie) é avaliado individualmente contra critérios complementares para determinar uma categoria de risco de extinção. Os critérios são baseados principalmente em informações sobre (1) populações e/ou (2) sobre a área de distribuição geográfica. A avaliação depende fortemente da quantidade de informações disponíveis. Se existem dados adequados para avaliar um táxon, as categorias são ranqueadas em função do grau de ameaça a que um táxon está sujeito. A inclusão de um táxon em uma categoria ocorre quando obedece aos requisitos de pelo menos um dos critérios. Creio que os critérios baseados em populações não são apropriados para a maioria dos fungos, pois pressupõe que o número total de indivíduos de cada táxon seja conhecido. Embora seja possível estimar o tamanho da população ou quantificar diretamente indivíduos de fungos, para avaliar a área de distribuição de uma espécie em escalas regionais pouco importa a definição de um indivíduo. Já os critérios baseados na área de distribuição do táxon permitem avaliar o risco de ameaça dos fungos macroscópicos de modo bastante satisfatório. Eles permitem avaliar o risco de extinção de táxons que, por exemplo, tenham sofrido uma redução drástica na sua distribuição geográfica ou que apresentam uma distribuição bastante restrita. Existem alguns detalhes técnicos, mas a base é essa. É mais fácil obter informações sobre a distribuição geográfica de uma espécie e então avaliar se ela está ou não em risco de extinção.
Por que é importante estudar os fungos? Investir em pesquisas sobre biodiversidade de fungos no Brasil é muito oportuno, pois existe um imenso potencial a se explorar, tanto em serviços ambientais (ciclagem de nutrientes e da água) quanto em biotecnologia. É esperado que o aquecimento global cause uma diminuição no regime de chuvas na Amazônia nas próximas décadas, e os fungos serão os primeiros afetados porque dependem da umidade para se alimentar das folhas e troncos. Essa alteração na atividade dos fungos poderá causar uma redução na capacidade da floresta como um todo de absorver carbono, levando a um balanço negativo entre a fotossíntese e a respiração. A inclusão de fungos em uma lista vermelha tenderá a aumentar a priorização de investimentos nessa linha de pesquisa, tão negligenciada e fundamental. Alô pessoal do CNPq! Segura FAPEAM! Embora recentemente a área da micologia tenha incorporado muitos jovens pesquisadores, os centros de pesquisa em micologia em PE, SP, RS, RN e SC estão organizados de forma relativamente independente, o que dificulta a integração dos dados sobre a distribuição geográfica das espécies que ocorrem no país. Consequentemente, a capacidade dos pesquisadores em oferecer uma avaliação das ameaças à sobrevivência das espécies é bastante limitada.
INCT Herbários Virtuais e CRIA
Partimos do pressuposto que quanto melhor conhecermos a distribuição espacial das espécies mais capacidade teremos para planejar a conservação de fungos no Brasil. Muitos herbários no Brasil, como URM, SP, ICN, HCB, INPA, HUEFS, HURG, UFRN, PACA e FLOR mantêm coleções de fungos macroscópicos representativas. Contudo, enquanto as informações não forem curadas adequadamente e disponibilizadas não será possível saber se estamos perdendo parte do nosso acervo biológico de forma permanente. Mapear a área de distribuição das espécies é relativamente simples, mas é necessário que o conhecimento sobre a ocorrência delas exista e esteja disponível para consulta, algo que não acontece no Brasil. A maioria dos herbários que possuem coleções de fungos macroscópicos está em processo de informatização e os dados não estão disponíveis ainda. Recentemente, foi criado um INCT Virtual da Flora e dos Fungos para atuar na curadoria e digitalização de acervos nacionais, pretendendo vincular tudo com o CRIA, formando assim uma rede de herbários virtualmente. O acesso online e o aumento da integração entre as coleções de fungos promete facilitar a obtenção de informações necessárias para compor as análises da IUCN, um importante instrumento para a conservação dos fungos no Brasil.
Como um exemplo concreto, essas atividades estão chegando a Manaus. No final de setembro, chegarão ao INPA especialistas em fungos poliporóides da UFPE (Tatiana Gibertoni e Allyne Christina Gomes Silva) e da Universidade de Oslo (Leif Ryvarden). Eles vão ministrar uma disciplina da pós-graduação da Botânica e depois trabalhar na coleção de fungos do herbário INPA. Também está prevista a visita de um colega da UESC (Jadergudson Pereira) especialista em Xylariaceae. Tomara que seja a fagulha que falta para motivar mais alunos a trabalhar com os fungos na Amazônia.
Como um exemplo concreto, essas atividades estão chegando a Manaus. No final de setembro, chegarão ao INPA especialistas em fungos poliporóides da UFPE (Tatiana Gibertoni e Allyne Christina Gomes Silva) e da Universidade de Oslo (Leif Ryvarden). Eles vão ministrar uma disciplina da pós-graduação da Botânica e depois trabalhar na coleção de fungos do herbário INPA. Também está prevista a visita de um colega da UESC (Jadergudson Pereira) especialista em Xylariaceae. Tomara que seja a fagulha que falta para motivar mais alunos a trabalhar com os fungos na Amazônia.
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Um comentário:
No quintal de casa constantemente aparece essa espécie logo pela manhã, e no fim da tarde já está seco.
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