Prezados colegas,
É com grande satisfação com que venho compartilhar com vocês algumas informações que estão publicadas (on-line) na revista
Biodiversity and Conservation, sobre minha dissertação de mestrado em Ecologia no INPA (2007). Trata-se de um trabalho que estudou a persistência de espécies de mamíferos de médio e grande porte nos fragmentos florestais de Alter-do-Chão, assim com em outras duas paisagens adjacentes com diferentes proporções de cobertura florestal remanescente, incluindo a Flona Tapajós (600 mil ha), na região oeste do Estado do Pará, próximo a cidade de Santarém.
Mapa da região oeste do estado do Pará. As áreas em cinza representam a cobertura florestal remanescente, baseado nos dados do PRODES até 2006 (www.obt.inpe.br/prodes). Os círculos em branco indicam os sítios amostrados em L1 – parte da Floresta Nacional do Tapajós; L2 – Comunidades do Eixo Forte; L3 – Fragmentos florestais de Alter-do-Chão. Este artigo traz informações interessantes do ponto de vista conservacionista, pois a pressão de desmatamento naquela região, que está sob influência da BR-163 (Santarém-Cuiabá), é crescente. Nós observamos que a cobertura florestal teve papel chave na persistência de espécies nas três paisagens, contudo populações de espécies de maior porte foram reduzidas e/ou localmente extintas pela caça mesmo nas paisagens com maior proporção de cobertura florestal. Várias espécies caçadas e não caçadas por moradores locais persistiram nos fragmentos florestais (70% da biota regional), embora se eles fossem considerados de forma isolada, provavelmente não suportariam populações viáveis de boa parte desta biota regional.
O cenário apresentado neste artigo pode ser interpretado com uma condição futura para paisagens na Amazônia e até mesmo nos trópicos úmidos. Grandes áreas protegidas são críticas para conservar a biota tropical, mas sozinhas estas áreas podem não ser suficientes para a conservação de todas as espécies e o futuro das mesmas é dependente do uso da terra em paisagens dominadas por humanos. Até mesmo pequenos hábitats fragmentados retêm considerável valor de conservação em longo prazo, desde que manejados em um contexto onde se assegure e/ou aumente a conectividade entre hábitats.
Medidas legais, como o cumprimento do código florestal, devem assegurar que a conectividade estrutural seja eficiente para possibilitar a dispersão de indivíduos (sistema fonte-sumidouro). Esta perspectiva aliada a implementação de planos de manejo para as espécies caçadas localmente e usos mais sustentáveis da terra, podem de forma efetiva contribuir para a persistência da diversidade florestal nas paisagens tropicais cada vez mais alteradas pela ação do homem.
Mas esse caminho, entretanto, não parece ser seguido pela nossa atual governança, que prefere hidrelétricas, rodovias e alterações do código florestal para que o Brasil e a Amazônia possam se desenvolver, de uma forma que eles ainda insistem em chamar de "sustentável".
Segue o link do artigo...
http://www.springerlink.com/content/f43317701686r26w/Abraço a todos e obrigado pela atenção!
Ricardo Sampaio
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