24 de dezembro de 2008
Ignacy Sachs: Amazônia, laboratório das biocivilizações do futuro
17 de dezembro de 2008
Amazônia: desafio brasileiro do século XXI
15 de dezembro de 2008
Sobre padeiros, pedreiros e cientistas
Quando lemos "Legal, mas pra que serve isso?", texto de Aline Lopes, nos identificamos imediatamente. É recorrente para nós pesquisadores (ou aspirantes a) ao escrever um projeto, ou descrever resultados de um trabalho, ou ler um artigo, e em vários outros momentos, parar e fazer exatamente este mesmo questionamento: Tá, mas pra que serve isso??? É um questionamento importante, e se não temos a capacidade de fazê-lo estamos fadados ao enfado. Entendemos que cada organismo vivo tem seu papel no funcionamento do planeta, nem que seja acumular um 'carbonozinho' por um tempo (de segundos a centenas de anos) e depois repassá-lo a outros componentes do ciclo. Isto não justifica a mediocridade, claro, mas o que queremos dizer é que existem padeiros, pedreiros e cientistas.
Desde que o mundo é mundo cada um tem uma função a desempenhar. Nas longíquas aulas de história aprendemos que esses papéis vão mudando conforme evoluem as sociedades. Nas sociedades coletoras-caçadoras alguns eram responsáveis pela caça e outros pela coleta de frutos. Na idade média eram tempos de reis, senhores feudais, vassalos, servos... e assim vai... O tempo passou, ainda temos que ter uma função a desempenhar, mas o papel social do que fazemos não é mais tão claro quanto era na idade da pedra. Aqui, alguns de vocês devem estar pensando que estamos equivocados, afinal é muito clara a função social de um padeiro, de um pedreiro. Mas para que exatamente serve o trabalho de um físico, historiador, biólogo ou de qualquer outro cientista? É fácil pensar no 'porquê' de profissões que estão diretamente relacionadas com nossas necessidades cotidianas, em profissionais que quando não estão ali sua ausência é imediatamente sentida. Compartilhamos aqui lembranças das greves intermináveis da época da faculdade, daquelas que só acabavam quando comprometiam o vestibular, e de quando pensávamos que essas greves não seriam tão longas se fossem lixeiros (ou padeiros!) e não professores que estivessem parados. Nossas necessidades cotidianas são necessidades concretas e muito distantes das questões abstratas dos cientistas.
[thaise.emilio@gmail.com & espiritosantohm@gmail.com]
Guia de Samambaias e Licófitas da REBIO Uatumã – Amazônia Central
13 de dezembro de 2008
Atualização num mar de informação
12 de dezembro de 2008
Guia de Lagartos da Reserva Ducke (Amazônia Central)
Adquira o Livro Vermelho da fauna brasileira. É de graça!!
Abraço a todos, e aproveitando, FELIZ NATAL!!!!
6 de dezembro de 2008
PNUMA lança Atlas sobre carbono e biodiversidade em Poznan
5 de dezembro de 2008
Políticas públicas (ou privadas?) para o meio ambiente
Para entender melhor, visite o site Amazonia.org.br.
Legal, mas pra que serve isso?
4 de dezembro de 2008
Guia de Sapos da Reserva Ducke (Amazônia Central): nova versão com vídeos dos cantos
3 de dezembro de 2008
Quiero ser tortilla: animação sobre biocombustíveis no México
A afirmação está no vídeo “Quiero ser Tortilla” (em espanhol), que está circulando na internet, sobre a competição entre agrocombustíveis e alimentação. Vale a pena assistir.
Os mexicanos sofreram com o aumento no preço do milho, base de sua alimentação, que está na mira das usinas produtoras de etanol nos Estados Unidos. Enquanto isso, discute-se por aqui como a produção de biodiesel e de etanol de cana pode causar o mesmo problema, considerando a disputa por terra para produção de gêneros alimentícios.
O vídeo é uma realização dos Veterinários sem Fronteiras, uma organização não-governamental que atua para melhorar a qualidade de vida das populações desfavorecidas. Possui projetos com o objetivo de desenvolver a produtividade animal em comunidades rurais.
Macroecologia: entrevista com Miguel Ángel Rodríguez (Univ. de Alcalá, Espanha)
O que a Espanha tem? Além das touradas e do clássico “Barça e Real” a terra de Cervantes também produz Ecologia de primeira linha. O professor Miguel Ángel Rodríguez do Departamento de Ecologia da Universidade de Alcalá esteve no Brasil realizando uma série de trabalhos no Laboratório de Ecologia Teórica e Síntese – LETS da Universidade Federal de Goiás, onde gentilmente concedeu esta entrevista ao doutorando do NUPELIA (UEM- Maringá), Dilermando Pereira Lima Júnior. De forma muito descontraída, porém profunda, Miguel Rodríguez contou sobre sua formação, suas principais linhas de pesquisa, apontou tendências na Ecologia no século 21, terminando a entrevista com dicas para jovens ecólogos. Confira.
Quando começou a se interessar por Macroecologia? Meu interesse por Macroecologia surgiu durante a tese de doutorado. Sempre me chamou a atenção a existência de muitos dados acumulados sobre o assunto e como trabalhava com vegetação, me interessava os dados fitossociológicos levantados pelos botânicos. Quando estava terminando meu doutorado, pensei que das meta-análises de muitos trabalhos poderiam surgir padrões interessantes. Daí fui fazer meu segundo doutorado no Laboratório de Bradford Hawkins, onde já havia uma base de dados preparada com essas informações, mas o maior interesse com esses tipos de questões aumentou quando o Brad também começou a se interessar pelo campo da Biogeografia, se tornando meu principal campo de investigação nos últimos anos.
Você acredita realmente nos padrões Macroecológicos como importantes fatores atuantes na estruturação de comunidades locais? Uma vez que muitos artigos mostram uma baixa correlação entre a diversidade de variáveis de grandes escalas espaciais. Sim, eu acredito nos padrões. Quando observamos os mapas de riqueza em escalas continentais, creio que esses mapas refletem realidades biológicas. É certo que os mesmos são criticados por mostrarem uma distribuição de espécies que representam mais hipóteses de distribuição do que a distribuição real das espécies, porém estudos mostram que esses mapas são boas explicações da distribuição. Quando observamos os mapas de tamanho corporal das espécies e outros padrões macroecológicos, a mim parecem que esses mapas refletem realidades biológicas. Outra coisa são as análises que fazemos dos dados, que nos mostram correlações entre variáveis climáticas e históricas e nossas interpretações. Se as nossas interpretações são corretas ou não, isso está para ser visto. O fato é que algumas variáveis explicam grande parte da variância, de aspectos como riqueza de espécies em escalas continentais e globais. Podemos encontrar variáveis como evapotranspiração que descreve mais de 70 % de variação da riqueza de espécies de diferentes grupos taxonômicos. Porém, se essa variação é uma resposta biológica dos organismos à quantidade de energia e água, ou se são meras covariações, que escondem outros mecanismos por trás destes padrões, são questões ainda por responder. Na verdade é a grande pergunta. Encontramos correlações com variáveis ambientais, mas correlações não implicam em um mecanismo causal.
Sabemos que nosso planeta hoje se encontra numa crise ambiental, com enormes prejuízos à diversidade biológica. Em se tratando de conservação você acha que a Macroecologia pode contribuir com a Biologia da Conservação ou são áreas distintas de pesquisa? Sim. Por um lado o estudo da biogeografia nos ajuda a identificar pontos no globo com grande riqueza de espécies (os hotspots de biodiversidade), com grande número de espécies endêmicas e/ou espécies raras. Claro que tudo isso é uma informação útil para a biologia da conservação. Por outro lado, a macroecologia pode evidenciar como e quais os mecanismos que estão afetando a distribuição das espécies em grandes escalas, por exemplo, avaliando o impacto humano nestas escalas. Nos últimos duzentos anos temos modificado o planeta como nunca antes na história. Isto sem dúvida tem afetado os padrões biogeográficos, portanto, estudos que estão focados em estabelecer até que ponto o impacto humano influencia os gradientes de riqueza de espécies podem ser muito importantes para medidas de conservação.
Quais são os motivos que lhe trazem ao Brasil? O principal motivo é que por aqui há um grupo de pesquisadores como José Alexandre Diniz Filho, Luis Maurício Bini e Paulo De Marco Junior excepcionalmente bom no campo da Macroecologia, com uma capacidade de análise que chama atenção e é reconhecido por pesquisadores da área em todo o mundo. Vir ao Brasil, para mim é uma oportunidade para aprender e fazer análises mais refinadas. E não digo isso por estar no Brasil…
Qual é a sua dica para jovens ecólogos e pós-graduandos que estão se formando agora e ainda têm poucos artigos publicados? Diria duas coisas… Primeiro publique tudo que podem. Nessa primeira fase de formação de mestrado e doutorado o pesquisador tem que estar ciente que está aprendendo. É importante fazer bons trabalhos, acabá-los e continuar trabalhando. Se você está investigando perguntas importantes, ótimo, mas o mais importante nessa fase é aprender. Dessa forma, fazer trabalhos mais clássicos (ou “conservadores”) e publicá-los é importante. Com avançar da carreira creio que tem que haver uma tendência em prezar a qualidade. É normal que no inicio da carreira o estudante publique muito, mas com maturidade diminua o número de publicações e invista em artigos melhores, mais bem acabados e de maior calibre científico. Com o tempo não importa tanto o número de artigos, mas as questões que se investiga. Resumindo: durante o mestrado e doutorado tente publicar muito em boas revistas internacionais e mais adiante se livrar da obsessão de número artigos e se concentre em idéias importantes para publicar em revistas de ponta.