30 de novembro de 2008

Digo, logo comunico: sobre jornalistas e pesquisadores

Essa é uma matéria sobre um trabalho do jovem pesquisador Helder Espírito Santo (Inpa) escrita pelo jornalista Renan Albuquerque no Jornal Em Tempo (Manaus) no dia 30 de novembro de 2008.

Esse é um ótimo exemplo de divulgação científica em jornal impresso derivada a partir de
conteúdo disponível no blog da ULE, União Local de Ecólogos (Inpa). A matéria saiu na edição de domingo na seção de Meio Ambiente com grande destaque e foi concretizada pela colaboração estreita entre o jornalista e o pesquisador, uma boa base para a construção de textos precisos, leves e abrangentes. A matéria está disponível no link da figura ou para baixar em pdf. Confira!

The Field Museum: Guia de identificação das Pteridophyta do Uatumã

O Field Museum de Chicago possui uma série de guias de identificação sobre plantas e animais de vários grupos taxonômicos, principalmente para regiões tropicais.

A equipe do museu estimula a publicação desses guias fotográficos visando facilitar a identificação de espécies e a difusão de conhecimento para o público, uma grande carência na região amazônica. Esses guias são gratuitos e são feitos para serem usados no campo, basta salvar o arquivo, imprimi-lo e plastificá-lo.

Vários pesquisadores já publicaram guias para espécies que ocorrem no Brasil nesse formato do Field Museum. Um exemplo recente é o Guia de Pteridophyta do Uatumã, de Gabriela Zuquim (Inpa) e Jefferson Prado (IBt-SP). Este guia possui fotos coloridas sobre uma centena de espécies de samambaias e licófitas que ocorrem na Reserva Biológica do Uatumã (AM). Confira abaixo!


Para fazer o download desse guia em PDF, visite o
Portal PPBio.

Se você tiver interesse em produzir um novo guia, entre em contato com a equipe do Field Museum (RRC@fieldmuseum.org).

29 de novembro de 2008

PPBio lança livro eletrônico sobre pesquisas em biodiversidade na Reserva Ducke

O livro "Reserva Ducke: a biodiversidade amazônica através de uma grade" é uma compilação de estudos recentes na Ducke que envolveram diversos grupos biológicos, como sapos, primatas, peixes, invertebrados, plantas e fungos. Ricamente ilustrado e escrito em linguagem simples, o livro tanto instiga a percepção sobre a biodiversidade para um público amplo, como apresenta uma referência para pesquisadores e estudantes sobre a utilização do sistema de grades para estudos de biodiversidade.


Desde 1963, a Reserva Ducke destina-se a proteger 10.000 hectares de florestas de terra-firme no coração da Amazônia Central. Curiosamente, embora a reserva não faça parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), sua história representa um exemplo notório sobre a conservação da biodiversidade no Brasil, pois sua existência vem impedindo firmemente o avanço do desmatamento causado pela expansão urbana de Manaus há duas décadas. Além dos efeitos negativos da pressão de caça e desmatamento, a proximidade com a cidade e seus centros de pesquisa favoreceu o desenvolvimento de uma grande quantidade de estudos científicos, principalmente por pesquisadores vinculados ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), responsável por sua existência e gestão.

A reserva se tornou um grande laboratório natural em uma florestal tropical, onde dezenas de estudos taxonômicos e ecológicos foram realizados. Árvores, sapos, primatas, peixes, lagartos, palmeiras, samambaias, formigas, aranhas, ácaros e fungos, dentre muitos outros, foram estudados em profundidade. Entretanto, os estudos iniciais visitaram apenas uma pequena área da reserva (cerca de 20 %). Por volta do ano 2000, foi proposto um sistema que permitiu aos pesquisadores ampliar muito a extensão da área de amostragem, num panorama de integração dos resultados. O sistema consistiu em instalar trilhas de 8 km de extensão na floresta, formando uma grade de 64 km2 que cobre praticamente toda a extensão da Reserva Ducke.

O sistema de trilhas permitiu o acesso a ambientes terrestres, ripários e aquáticos distribuídos por toda a reserva. Conforme os estudos foram realizados, muitas espécies que não haviam sido registradas anteriormente foram descobertas, reforçando a idéia que é importante obter informações sobre a biodiversidade em uma área grande, que tende a incluir mais variação nas condições ambientais. Foi justamente dessa experiência desenvolvida na Reserva Ducke que surgiu o sistema RAPELD adotado pelo PPBio, que está sendo aplicado em diferentes regiões da Amazônia, do Brasil e do mundo.


O livro “Reserva Ducke: a biodiversidade amazônica através de uma grade”, organizado por Márcio Oliveira, Fabrício Baccaro, Ricardo Braga-Neto e William Magnusson, oferece ao leitor um breve apanhado sobre estudos recentes que foram desenvolvidos total ou parcialmente na grade de trilhas da reserva. Ele está disponível gratuitamente para download no Portal PPBio e foi lançado em comemoração à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia desse ano. Esperamos que o leitor desfrute dessas maravilhas e visite a reserva para conhecer um pouco mais do que está nos livros!

Para obter o arquivo em PDF do livro, clique aqui.

Publicado originalmente no Portal PPBio.

Repórter Ecológico: entrevista com Philip Fearnside no Cine Gaia

Durante o I Festival de Cinema Ambiental do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Cine Gaia), o pesquisador Philip Fearnside (Inpa) foi entrevistado por Ricardo Hanszmann sobre seu trabalho na Amazônia, que ao longo das últimas décadas vem contribuindo para a conservação da biodiversidade, formação de políticas públicas e valoração dos serviços ambientais, como os ciclos hidrológicos e a manutenção de estoques de carbono. 

Philip Fearnside é o líder do Instituto Nacional de Serviços Ambientais da Amazônia (SERVAM), um dos quatro Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) que foram aprovados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para o Inpa.

Assista à entrevista com Philip Fearnside [Fonte:
Repórter Ecológico, 6'50"].


O Cine Gaia aconteceu entre 31/10 e 9/11 no Rio de Janeiro e exibiu mais de 47 filmes de várias nacionalidades sobre a temática ambiental.

Para mais informações, visite: http://www.cinegaia.org/

26 de novembro de 2008

PPBio no programa Globo Ecologia

Assista ao programa Globo Ecologia sobre o PPBio no dia 29/11 às 6h45, horário de Brasília

Entre os dias 22 e 25 de outubro a equipe do Globo Ecologia da Rede Globo esteve na Reserva Florestal Adolfo Ducke para gravar um programa especial sobre o PPBio. O programa faz parte de uma série sobre a Amazônia, que contemplou dois dos principais programas do Ministério da Ciência e Tecnologia atualmente desenvolvidos na região: LBA e PPBio. Durante as filmagens, os pesquisadores associados ao PPBio mostraram como é o dia-a-dia das pesquisas de campo de certos grupos biológicos e apresentaram os avanços obtidos pelo programa de pesquisa nesses 4 anos de existência. A pesquisadora Flávia Costa, recém contratada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), explicou como funciona o sistema de amostragem RAPELD e quais os principais resultados das pesquisas com ervas terrestres nos sítios de pesquisa do PPBio. Os principais destaques foram para a distribuição das espécies de ervas ao longo da floresta e como os resultados de pesquisas podem ser usados diretamente na geração de políticas públicas.

Os pesquisadores Helder Espírito Santo e Fernando Mendonça (foto abaixo) demonstraram as técnicas de coleta de peixes mais usadas em poças temporárias e igarapés. Eles também abordaram a importância da preservação dos pequenos igarapés na manutenção da riqueza de peixes da região amazônica. O pesquisador Fabricio Baccaro mostrou algumas adaptações interessantes das formigas, como a interação desses insetos com as plantas e outros animais. Além disso, ele demonstrou como métodos de coleta antigos podem ser melhor explorados com novas técnicas de análises.


Completando o time de pesquisadores entrevistados, Marcelo Menin, pesquisador e professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), explicou como é o trabalho de coleta de anfíbios e quais foram os principais resultados das pesquisas realizadas na Reserva Ducke. Por fim, a importância da formação de recursos humanos também foi abordada em uma entrevista com o parataxônomo Ocírio Pereira, que aparece ao lado da equipe do Globo Ecologia na primeira foto. Conhecido como "Juruna", Ocírio possui grande experiência em campo na Amazônia Central, tendo trabalhado com diversos pesquisadores e grupos biológicos, com destaque para anfíbios e palmeiras. O trabalho de técnicos de campo e de parataxônomos é de extrema importância para a realização de pesquisas na região Amazônica.

Todo o programa foi gravado em conversas ao ar livre em uma pequena parte dos 64 km2 de trilhas da Reserva Ducke, e irá ao ar no dia 29/11/2008 às 6h45 (horário de Brasília).

Publicado originalmente no Portal PPBio.

Ecólogos trabalham na recuperação do Parque Estadual Sumaúma

Estudantes participaram da ação plantando mudas de árvores nativas da Amazônia na área a ser recuperada em reserva ambiental urbana

Ecólogos que atuam no Projeto Pioneiras, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), juntamente com gestores da unidade de conservação Parque Estadual Sumaúma, no bairro Cidade Nova, zona Norte de Manaus (AM), anunciaram atividades para melhorar as condições ambientais do parque, parcialmente degradado. O Projeto Pioneiras é coordenado por Rita Mesquita, membro do comitê de organização da Conferência Científica Amazônia em Perspectiva, que aconteceu semana passada no Studio 5 Centro de Convenções, no bairro Japiim, zona Sul da cidade.

Dentro do Sumaúma, de acordo com os ecólogos, existem pelo menos cinco hectares (um hectare equivale a um campo de futebol) de áreas que foram severamente degradadas pela extração de argila no passado. “Elas estão abandonadas há mais de 20 anos e a regeneração natural é inexistente”, explica Ana Catarina Jakovac, uma das organizadoras da atividade de regeneração do parque. Ela é membro do Projeto Pioneiras, que integra o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), do Inpa.

Para revitalizar essas áreas, os pesquisadores querem trabalhar a recuperação do solo, uma vez que a regeneração da vegetação não acontece de forma natural. “Isso acontece porque as sementes provenientes da floresta do parque que chegam até essas áreas não conseguem germinar e se desenvolver sobre o solo pobre e compactado que foi deixado. Portanto, para que a floresta possa voltar a crescer ali, é preciso primeiramente trabalhar na melhoria desse solo”, avalia.

Ana Catarina afirmou que a ação de descompactação do solo para torná-lo mais permeável à água e fácil de ser penetrado pelas raízes das plantas é essencial. Segundo ela, é necessário
aumentar a fertilidade do local recompondo a camada de matéria orgânica que alimentará as plantas, e isso pode ser feito acrescentando qualquer material que seja orgânico, como composto, restos de podas e resíduos de serraria. “Adubos químicos são utilizados em medidas de recuperação, mas neste caso não seriam eficientes, pois, se não forem diretamente absorvidos pelas plantas, serão lavados pelas chuvas, e, portanto, não ajudarão a recompor a micro e macro faunas, responsáveis pela ciclagem de nutrientes e pela vida no solo”, complementou a pesquisadora.

A presença de vegetação é fundamental para a recuperação, pois ajuda a diminuir a velocidade de escoamento da água das chuvas sobre o solo. Isso impede que nutrientes e sedimentos sejam carregados. Se o solo estiver descoberto, as intensas chuvas podem causar erosão, chegando a formar voçorocas (grandes canais cavados pelas águas das chuvas) e a assorear igarapés”, explica Ana Catarina.

A ação. A primeira etapa do projeto de regeneração do Sumaúma contou com a participação de voluntários, que fizeram um mutirão para plantar mais de mil mudas de árvores nativas da Amazônia na área a ser recuperada. Dentre os voluntários, estavam alunos do ensino médio e fundamental de escolas da Cidade Nova, além de moradores de bairros adjacentes ao parque. O mutirão aconteceu em comemoração ao “Dia do Rio” e contou com outras atividades de lazer e educação ambiental.

“Com a fertilidade e permeabilidade do solo recuperadas, esperamos que as sementes de diversas espécies existentes no parque encontrem ali um lugar apropriado para germinar, se estabelecer e se desenvolver, formando aos poucos uma capoeira e depois uma floresta”, destacou Ana Catarina.

Fonte: Renan Albuquerque - Agência Fapeam

25 de novembro de 2008

Ato #5: Pitágoras e os próximos passos

Jovens cientistas! Ele está de volta. Mais forte, o triângulo retornou para animar nosso jirau de idéias. E é ele quem proclama: próxima quinta, 27/11, vamos nos reunir na sala de aula da Ecologia do Inpa às 17h para discutir 2 assuntos: 

:: artigo dos jovens cientistas sobre a conferência
:: projeto de educação ecológica para alunos e comunitários

O primeiro tema é fruto da motivação contraída do carismático Foster Brown (UFAC), que articulou uma oportunidade para os jovens apresentarem um diagnótico sobre a Conferência Amazônia em Perspectiva, além de algumas direções a serem tomadas. O artigo pretende avaliar prioridades para a política publica para ciência na Amazônia e será escrito por colegas do Inpa e da UFAC.

A segunda idéia foi ressuscitada e recriada no brainstorm na véspera da apresentação. Encorajados pela carência na capacitação de professores na região amazônica, nossa proposta é planejar e montar uma série de cursos para a capacitação de pessoas que capacitariam professores para atuar em muitas cidades do interior da Amazônia, criando uma cascata de educação ecológica. Um exemplo interessantíssimo vem de um pessoal lá da Califórnia. Se chama Centro de Literatura Ecológica (Center for Ecoliteracy :: http://www.ecoliteracy.org/).

Vamos discutir alguns temas como público alvo, produção de materiais didáticos, contatos com a iniciativa privada, formatos digitais e inclusão digital, assim como a possibilidade de fazermos parcerias com profissionais do ramo. 

Todos estão convidados!
Vamos lá ULE! 
E viva o triângulo de Pitágoras!

Amazônia em perspectiva: chamem e acolham os jovens pesquisadores

A Conferência Amazônia em Perspectiva, que ocorreu semana passada em Manaus, foi um evento singular na história da ciência na Amazônia. O evento ofereceu uma oportunidade extraordinária para discutir e avaliar caminhos comuns dos três grandes programas de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) na Amazônia: LBA, GEOMA e PPBio. Vindos de diversos países ou regiões do Brasil, centenas de pesquisadores e alunos compartilharam um sentimento de responsabilidade e de urgência sobre o futuro da pesquisa básica e aplicada na Amazônia, que vem se consolidando em um paradigma de integração das atividades científicas. É difícil negar que podemos fazer mais juntos do que separados.

Atualmente, os programas existentes possuem agendas relativamente complementares, mas que ainda não foram integradas plenamente. O LBA, Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, é o maior e mais gordo dos irmãos, e tem se especializado em estudos sobre o funcionamento climatológico, biogeoquímico e hidrológico da Amazônia. Além disso, o LBA também estuda o impacto das mudanças do uso da terra em escala regional e global. O GEOMA, Rede Temática de Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia, é o irmão do meio, e atua para desenvolver modelos espaciais para entender a dinâmica dos sistemas ecológicos e socio-econômicos em diferentes escalas geográficas. O PPBio, Programa de Pesquisa em Biodiversidade, é o caçula mas tem grande importância para a família toda, pois atua para gerar e disseminar informações sobre biodiversidade. Atualmente, a carência de informações amplamente distribuídas sobre a biodiversidade representa um nítido gargalo para os outros programas, de modo que é urgente a aplicação de investimentos maciços para aumentar a geração de informações sobre a distribuição e identidade das espécies.

Quem tiver interesse em se aprofundar no conteúdo da conferência, pode acessar as apresentações, assim como alguns posters, imagens e videos. Por ora, pretendo apenas levantar para discussão um assunto que foi enfatizado em várias instâncias: a necessidade de formar e fixar recursos humanos na Amazônia de maneira abrangente e permanente. E 'recursos humanos' inclui tanto pesquisadores científicos, alunos de ensino fundamental, médio e superior, quanto técnicos de campo (parataxônomos, escaladores de árvores, etc.), que invariavelmente são determinantes da capacidade de executar trabalhos em campo.

As instituições de pesquisa na Amazônia desenvolveram-se muito desde sua criação, mas também as pessoas precisam ficar atentas para evoluir e se adaptar. A história de vida da Dra. Ilse Walker (foto) deve ser sempre louvada e usada como estímulo para jovens pesquisadores que pensam em dedicar décadas de suas vidas ao acúmulo de conhecimento sobre a natureza amazônica. É imprescindível que os institutos de pesquisa no Brasil sejam renovados, ganhem em dinamismo para compensar a baixa densidade de pesquisadores. A contratação de jovens pesquisadores precisa ser priorizada no âmbito federal, pois esse recurso é estratégico para o desenvolvimento "sustentável" da Amazônia. A região Norte abrange cerca de 45% do território nacional, mas possui apenas 5% dos pesquisadores brasileiros. Este quadro é altamente restritivo para a capacidade de gerar conhecimento, pois quem faz ciência são pessoas, tão geniais quanto limitadas. Além da formação de pessoas ser insuficiente em função da demanda, a maioria dos pesquisadore formados não consegue se fixar na Amazônia.

Então, o que é preciso ser feito para aumentar a atração e fixação de pessoas qualificadas para atuar em ciência na Amazônia? Obviamente, o pessoal de Brasília tem grande poder para mudar o status quo. De fato, representantes do MCT e da CAPES estavam presentes no evento e todos endossaram a importância de suprimir essa carência. Esperamos que além de melhorar o valor das bolsas oferecidas (ou ao menos pagar o valor correto definido pelo CNPq, um problema com as bolsas PCI), sejam tomadas medidas efetivas para aumentar a contratação de jovens pesquisadores para atuar em instituições da região. Este processo será particularmente imprescindível se levarmos em conta a necessidade de consolidação dos Institutos Nacionais que foram aprovados para a Amazônia.

Como esperança, vale celebrar o concurso do Inpa de 2008. Durante a semana de conferência, foram anunciados os nomes dos pesquisadores que serão incorporados ao instituto. Foram contratados 5 pesquisadores adjuntos e 7 tecnologistas plenos. Que esse processo de contratação avance e seja um diferencial no futuro sócio-econômico-ambiental da Amazônia, favorecendo a diversificação de linhas de pesquisa, a conservação dos recursos naturais, a aplicação do conhecimento e a perpetuação dos serviços ambientais.

Aprovados no Concurso do Inpa (2008)

Pesquisadores adjuntos
:: Flávia Costa :: Mudanças Ambientais
:: Henrique Nascimento :: Mudanças Ambientais
:: Alberto Vicentini :: Biodiversidade
:: Charles Zartman :: Biodiversidade
:: Fabíola Domingos :: Serviços Ambientais

Tecnologistas plenos
:: Marina Anciães :: Biodiversidade
:: Mike Hopkins :: Biodiversidade
:: Camila Ribas :: Biodiversidade
:: Raquel da Silva Medeiros :: Serviços Ambientais
:: Mariko Funasaki :: Serviços Ambientais
:: João Vicente Braga de Souza :: Biotecnologia
:: Beatriz Cristina da Silva :: Homem e Ambiente

19 de novembro de 2008

E a próxima reunião??

Pessoal, é muito bom esse contato virtual (cada dia mais difundido, do Alaska ao Chuí, do Oiapoque à Finlandia!). Porém, não esqueçamos do prazer de sentar numa cadeira e ouvir um (a) colega hablando, mostrando um pouco de seu trabalho e de suas idéias, defendendo na lábia o seu ponto de vista. E melhor: ao final poder esclarecer aquelas dúvidas direcionadas a respeito do tema abordado, que só surgem quando você tá de cara com o sujeito; e ainda poder dar pitacos! E depois disso, poder mostrar, através do Blog, um pouco do que tem sido trabalhado por aqui. Maravilha!

Vamo movimentar a próxima reunião? Quem estava previsto para ser o próximo? Uma alternativa seria aproveitar o ensejo e chamar uma reunião de compilação dos resultados da
Conferência; das Perspectivas efetivas de melhorias para a pesquisa ecológica na Amazônia nos próximos anos; de novidades surgidas em bate-papos com os (as) pesquisadores (as) que vieram participar, etc.. Alguém se prontificaria para a próxima ou próxima semana?

Abraço,
Helder

18 de novembro de 2008

Escute a palestra de Thomas Lewinsohn sobre a ABECO

Aproveitando a visita a Manaus movida pelo concurso de 2008 do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o Prof. Thomas Lewinsohn (IB-Unicamp) reservou um momento especial para conversar com interessados sobre a ABECO (Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação). A ABECO é uma associação recém nascida que pretende aumentar a integração e a expressão internacional dos profissionais brasileiros que de alguma maneira estão conectados com ciência ecológica básica e aplicada, como também com a aplicação deste conhecimento científico na solução de problemas ambientais.


(Foto: Flávia Pezzini)

A conversa aconteceu sexta-feira (14/11) no auditório da biblioteca do Inpa, e contou com a presença de dezenas de interessados, dentre eles alunos e pesquisadores da casa (William Magnusson, Ilse Walker, Claudia Keller, Flávia Costa, Gonçalo Ferraz, Renato Cintra e Rita Mesquita), com destaque para a presença de Jean Paul Metzger (IB-USP), que também estava em Manaus para contribuir na escolha dos próximos pesquisadores que serão incorporados à Coordenação de Pesquisas em Ecologia (CPEc/Inpa).

Depois de uns 40 minutos apresentando as idéias da ABECO, Thomas Lewinsohn bateu um papo com os presentes.

Para quem não pôde participar e tiver interesse em conhecer um pouco mais sobre a ABECO, é possível ouvir o áudio da palestra.

Baixe o arquivo em MP3 :: Palestra ABECO.mp3 [5,7 MB, 39'58"].

15 de novembro de 2008

Pequenos grandes rios: como muda a fauna de peixes nos igarapés amazônicos?

Estudo do Inpa mostra que, assim como nos grandes rios, a fauna de peixes dos pequenos igarapés amazônicos sofre mudanças ao longo do ano.
Por Helder Mateus

Há pelo menos um século e meio, desde a expedição do naturalista inglês Alfred Russel Wallace (foto) pelo Rio Negro, a vida e história natural dos peixes dos grandes rios amazônicos vêm sendo desvendadas. Tantos anos de investigações geraram conhecimento sobre a distribuição das espécies de peixes nos diferentes tipos de rios, sobre comportamento de reprodução e alimentação, taxas de consumo humano e uma diversidade de temas. Sabe-se atualmente que os peixes nos rios têm uma relação muito forte com o ciclo da chuva na região amazônica. Por exemplo, algumas espécies de peixes, como os grandes bagres, durante o período chuvoso migram ao longo dos rios, às vezes chegando até as suas cabeceiras em busca de locais adequados para reprodução. Outras espécies, como o tambaqui, saem do canal principal dos rios e vão para as florestas de igapó ou de várzea, tanto para se alimentar quanto para reproduzir no período de águas altas. Todos estes processos, desencadeados pelo aumento e diminuição do nível dos rios, resultam em grandes diferenças na fauna de peixes encontrada ao longo de um ano em cada local.

Os igarapés de terra-firme são a principal fonte de água para os grandes rios amazônicos. No entanto, o conhecimento sobre os peixes nestes pequenos corpos d'água são ainda muito restritos, quando comparado aos grandes rios. Isto acontece principalmente devido à maior dificuldade de acesso destes pequenos riachos, que geralmente estão “escondidos” sob a densa floresta de terra-firme. Por estarem em áreas um pouco mais elevadas, os igarapés não são afetados diretamente pelas cheias e secas dos grandes rios. As mudanças nesses ambientes são mais sutis. Durante fortes chuvas locais, a água que escorre pelo chão da floresta aumenta o volume dos igarapés, revolvendo os substratos ali presentes e deixando a água turva. Frequentemente, os
igarapés transbordam e as áreas mais baixas podem ficar inundadas, dependendo da intensidade da chuva e da topografia local. Entretanto, algumas horas após uma forte chuva, é possível notar o volume da água diminuindo, que vai ficando mais transparente e tranquila, até que as condições ali voltem àquelas de antes da chuva.

Geralmente, os igarapés tem águas transparentes, mas ficam barrentos logo após chuvas intensas (imagem da direita).

Com mudanças tão passageiras comparadas ao que acontece nos grandes rios, não era esperado que a fauna de peixes nos igarapés de terra-firme mudasse muito ao longo do ano. Até então, estudos relatavam pouca ou nenhuma diferença na fauna de peixes entre a estação chuvosa e a estação seca nestes ambientes. Contudo, isso não é necessariamente verdade. No meu [
Helder] mestrado, desenhei junto com meus orientadores, William Magnusson e Jansen Zuanon, um projeto de amostragens sistemáticas de peixes e características ambientais ao longo de um ano completo (SET de 2005 a AGO de 2006) em 31 igarapés da Reserva Ducke, localizada ao norte de Manaus. A Reserva Ducke é um local de pesquisa permanente do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), um programa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Os peixes capturados ao longo das amostragens foram identificados em campo, contados e devolvidos aos igarapés. Isso só foi possível porque a reserva tem anos de pesquisa acumulada, permitindo que usássemos um guia de identificação de espécies provisório, mas que está em processo de produção.

Em geral, a quantidade de peixes capturados no período chuvoso foi menor que nos períodos secos.

Algumas espécies, como o pequeno “rivulídeo”
Rivulus kyrovskyi, tiverem três vezes ou mais indivíduos nos igarapés durante as estações secas, comparado ao período chuvoso.

Outras espécies, como o “mussum” Synbranchus sp., foram mais abundantes na estação chuvosa.

As diferenças de abundância das espécies entre as estações do ano resultaram em grandes diferenças na fauna de peixes entre a primeira estação seca e a estação chuvosa, mas na estação seca seguinte a abundância das espécies ficou parecida com aquela encontrada na primeira seca.


(R. kyrovskyi [alto] e Synbranchus sp. Fotos: Fernando Mendonça).

Então surgiu a pergunta:
o que acontece com estes peixes durante o período de chuvas? A resposta “deve estar nas poças”, pensamos. Durante o período chuvoso, os igarapés transbordam e a água vinda dos platôs formam conjuntos de poças temporárias, que podem permanecer com água por até 11 meses ao longo do ano. Estudos anteriores mostraram que estas poças mantêm uma diversidade de invertebrados, anfíbios e também de peixes. As espécies de peixes presentes nelas dependem de sua profundidade e do tempo em que permanecem com água. Uma pequena poça de apenas um metro de circunferência pode ter de uma a até 10 espécies diferentes de peixes. Uma possibilidade é que a diminuição do número de peixes nos igarapés no período chuvoso acontece porque algumas espécies muito abundantes “se mudam temporariamente” para estas poças. Segundo esta hipótese, os peixes utilizariam as poças durante o período chuvoso para alimentação e reprodução e, quando as poças começam a secar, os peixes tenderiam a retornar aos igarapés. Um novo estudo está sendo desenvolvido para avaliar esta hipótese. Algumas espécies não utilizam as poças temporárias e as diferenças em abundância ao longo do ano devem estar associadas a outros processos biológicos, como reprodução diferenciada ou pequenas movimentações no próprio canal dos igarapés.

Levantamentos sobre a composição da fauna de peixes são geralmente utilizados na elaboração de planos de manejo em Unidades de Conservação, em Estudos de Impacto Ambiental (EIA), em monitoramentos da integridade ambiental em áreas sob o uso humano, na avaliação de estoques de recursos pesqueiros, entre outros. Com base nos resultados do nosso trabalho, é muito importante enfatizar que
estudos sobre peixes de pequenos igarapés amazônicos realizados em diferentes estações do ano não devem ser comparados sem considerar estas diferenças temporais. Assim, espera-se que mudanças sazonais não sejam confundidas com tendências de longo prazo, evitando conclusões equivocadas e a sugestão de opções inadequadas de manejo para a conservação dos peixes amazônicos.

Estes resultados são parte da minha
dissertação de mestrado, desenvolvida com recursos da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e do Programa BECA/IEB.

Eles acabaram de ser publicados
online em forma de artigo na revista Freshwater Biology.

Confira!

Ministérios discutem legislação ambiental e a atividade econômica no campo

Os ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Meio Ambiente (MMA) vão reativar o grupo de trabalho sobre revisão e atualização da legislação ambiental brasileira. A decisão surgiu do encontro realizado na terça-feira (11) em Brasília entre representantes das três pastas dos setores agropecuários e ambientalistas. A expectativa é retomar o diálogo entre produtores do campo, defensores do meio ambiente e o governo para aprimorar a legislação em consonância às atividades econômicas do meio rural.

Leia a matéria na íntegra.

14 de novembro de 2008

Pesquisadores do Inpa estudam efeitos de manejo florestal sobre peixes de igarapés

Resultados indicam que o manejo de baixo impacto provoca efeitos negativos menos danosos para os peixes em relação à outros tipos de uso da terra.

O manejo florestal de baixo impacto é uma forma de exploração mais eficiente da madeira da floresta que têm ganhado força com a onda da “sustentabilidade” que paira sobre o mundo. Cada vez mais, alternativas planejadas e supostamente “menos danosas” são preferidas quando o assunto é a exploração de recursos naturais em conjunto com a conservação da natureza.

E não é por acaso. Com técnicas bem definidas e leis rígidas, a utilização do manejo florestal como meio para conservação é destacada, já que o intuito é utilizar racionalmente os recursos naturais e garantir os estoques madeireiros no futuro. A maior preocupação quando se faz o manejo é que o mínimo de área de floresta seja danificado, para que as árvores que permaneceram sejam capazes de sobreviver e recolonizar o ambiente, gerando indivíduos jovens que irão ocupar a área de onde a tora foi retirada.

Mas o que os igarapés e os peixes têm a ver com o manejo florestal? Os igarapés de terra firme são pequenos corpos d’água que formam uma extensa malha que drena a água da floresta para os principais rios. Por serem pequenos e bastante sombreados pela mata, esses ambientes e os organismos que ali habitam dependem da matéria orgânica que cai da floresta, principalmente folhas, galhos, frutos, etc. Por exemplo, os troncos caídos nos igarapés formam trechos com águas mais lentas e mais profundas, que são habitados por algumas espécies de bagres; por outro lado, as folhas, frutos e insetos que caem na água são utilizados como alimento por muitas das espécies de peixes. Por causa dessa dependência, qualquer alteração na floresta é sentida também pelos organismos que vivem nos igarapés.

Características dos igarapés são importantes para a sobrevivência das espécies de peixes

Pensando nisso, os pesquisadores Murilo Sversut Dias, William Magnusson e Jansen Zuanon do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) realizaram um trabalho para testar a existência de danos ambientais causados pelo manejo florestal de baixo impacto nos igarapés de terra-firme e seus possíveis efeitos sobre os peixes que vivem nesses ambientes. Os autores utilizaram duas abordagens para determinar os efeitos do manejo: uma comparando os mesmos igarapés antes e depois das áreas serem manejadas (efeitos em curto prazo) e outra comparando igarapés em áreas manejadas e igarapés em áreas não manejadas (efeitos em longo prazo). O trabalho, que faz parte do Projeto Igarapés (coordenado por J. Zuanon), foi realizado em parceria com a empresa Mil Madeireira Itacoatiara Ltda. (pertencente ao grupo Precious Woods Amazon), localizada na cidade de Itacoatiara (AM), e o resultado surpreendeu.

Em curto prazo, algumas espécies de peixes foram mais abundantes nos igarapés após o manejo. Por exemplo, a espécie
Apistogramma cf. steindachneri (popularmente conhecida como “acará”) possuiu número de exemplares cinco vezes maior nos igarapés após a área ser manejada. Porém as espécies encontradas antes do manejo não foram muito diferentes das encontradas após o manejo. Já em longo prazo, o número de indivíduos por espécie em áreas manejadas foi diferente do encontrado em áreas não manejadas. Porém, mais uma vez a composição de espécie presente em ambas as áreas foi muito parecida.

Estudos em outros países revelaram, por exemplo, que o desmatamento da floresta adjacente aos corpos d’água causou uma grande perda de espécies de peixes nos igarapés. O estudo realizado por Murilo e colaboradores evidenciou que o manejo florestal bem conduzido pode minimizar os efeitos negativos do corte de árvores sobre os sistemas de igarapés, pois boa parte das espécies presentes em áreas não-manejadas estava presente também nos igarapés das áreas manejadas. Isso indica que o tipo de manejo estudado pode causar menos impacto do que outras práticas florestais comuns na região, como o corte sem planejamento ou o desmatamento completo das áreas de exploração.

Os autores acreditam que a realização correta do manejo florestal deve ser baseada em
técnicas que não causam perda de espécies, conforme encontrado no estudo realizado pelos pesquisadores. Entretanto, ressaltam que o manejo de baixo impacto não significa manejo sem impactos. Ainda não é possível saber se as “receitas” de manejo florestal, pensadas especificamente para garantir a conservação das espécies madeireiras, protegerão todos os elementos da biodiversidade (p.ex.: animais, plantas e fungos) e os processos ecológicos em toda a área manejada.

É necessário que as empresas, além de realizarem técnicas menos danosas ao ambiente, invistam em
pesquisa e monitoramento dos diversos elementos da biodiversidade (como tem sido o caso da Mil Madeireira Itacoatiara Ltda.), com o intuito de detectar e, se necessário, minimizar impactos inesperados na biodiversidade e processos ecológicos no ambiente. É dessa maneira, avaliando caso a caso e fazendo com que os interesses de mercado e a ciência caminhem lado a lado, é que poderemos trilhar caminhos promissores para o desenvolvimento “sustentável” que o mundo tanto almeja.

Publicado originalmente no Portal PPBio.

13 de novembro de 2008

CRIA: Rede speciesLink ganha novas ferramentas geográficas online

O Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA) acaba de lançar novos aplicativos na Rede speciesLink, um sistema de informação que integra dados primários de coleções científicas do Brasil, incluindo animais, plantas, microorganismos e fungos macroscópicos. Confira.

1. Georeferenciamento automático por Município

O primeiro aplicativo diz respeito ao georeferenciamento automático de
registros de coletas realizadas no Brasil. Os registros de ocorrência de
espécies sem coordenadas geográficas, mas que possuem dados de município
agora são automaticamente georeferenciadas
. Para tanto, foi desenvolvida
uma ferramenta que adiciona três novos campos ao resultado da busca:
"Long munic - Lat munic - Erro max (mt)". Os valores das coordenadas
geográficas do município são obtidos da
base de municípios do IBGE. O erro máximo é calculado como sendo a distância entre o ponto e a fronteira mais distante do município.

Os dados originais das coleções não foram alterados. Foram adicionadas 3
novas colunas ao banco de dados centralizado: Long munic, Lat munic, e
Erro Max (mt).

Como resultado da busca, o sistema agora apresenta o número total de
registros, o total de registros georeferenciados na origem (ou seja,
registros com coordenadas geográficas registradas pela coleção) e o
total de registros georeferenciados pela ferramenta desenvolvida pelo
CRIA. Esses dados são apresentados por coleção e são totalizados. Podem
ser recuperados como html, planilha, xml ou visualizados em uma base
cartográfica. Acesse o site e
mande seus comentários e sugestões.

É também possível "filtrar" dados e dessa forma só recuperar os dados
com as coordenadas originais ou só os dados com georeferenciamento
automático por município (ou ambos).

No caso de registros que tiveram suas coordenadas geográficas bloqueadas
na origem, não é realizado o georeferenciamento automático, respeitando
a decisão do curador quanto à necessidade de proteger essa informação em
relação aquele registro específico.

2. Novo mapa disponível via mapCria

Atendendo à demanda de usuários foi adicionada uma nova camada nas
opções de mapas da rede speciesLink: "
bioma". Ativando essa camada o usuário poderá visualizar o contorno dos biomas do Brasil. (Fonte: MMA - Biomas do Brasil, copyright: IBGE, escala: 1:5.000.000).

3. Google maps

Além do serviço de mapas desenvolvido pelo CRIA (mapCria), o resultado
da busca agora apresenta uma nova opção para o usuário: a visualização
dos pontos de coleta no Google
. Além das camadas disponíveis (mapa,
satélite e híbrido), um aplicativo interessante é a possibilidade de
"clicar" no ponto de ocorrência da espécie procurada e visualizar dados
mínimos como coleção de origem, nome científico da espécie, coletor,
data da coleta e um link
para a ficha do espécime disponível na rede
speciesLink.

Esses desenvolvimentos foram realizados graças ao apoio da
JRS
Biodiversity Foundation
.

Como sempre colocamo-nos à disposição para receber críticas e sugestões.

Dora Ann Lange Canhos
Diretora
Centro de Referência em Informação Ambiental

12 de novembro de 2008

Ato #4 - Sanduba de pesquisa: bate-papo durante o almoço com Orou Gaoue

Pessoal, Orou Gaoue é um pesquisador do Benin, afiliado à Universidade do Havaí, que tem feito trabalhos notáveis sobre manejo de árvores. Ele foi convidado por Gonçalo Ferraz para uma conversa informal sobre modelos estruturados de populações de plantas com os alunos da ecologia (embora o convite esteja aberto a todos interessados).

O bate-papo será na sexta-feira (14/11) na Ecologia do Inpa, às 13h.

Vamos nos encontrar excepcionalmente nesse horário, pois ele não poderá permanecer em Manaus na próxima semana e às 15h já estava agendada a
palestra sobre a ABECO do Dr. Thomas Lewinsohn (Unicamp).

Vamos participar e dividir com ele algumas experiências amazônicas!

11 de novembro de 2008

O matador de passarinhos: separando o joio do alpiste

O conhecimento humano é mesmo muito vasto. Sabemos como ir à Lua, como escrever uma peça de teatro, a usar veneno de sapo para caçar. Sabemos! No plural: os seres humanos sabem. Eu sou um desses, logo eu sei? Não sou nenhum Neil Armstrong, nem William Shakespeare, quem dera um Yanomami. Bem que eu gostaria. Mas eu sei que eles sabem algo que eu não sei. Se um alienígena chegasse ao planeta agora, eu teria orgulho em contar para ele que o rádio foi uma grande invenção que revolucionou a comunicação entre as pessoas. Mas se foi Guglielmo Marconi que aprimorou idéias malucas de James Maxwell sobre ondas eletromagnéticas que se propagavam no espaço, idéias que foram testadas por outra pessoa, Heinrich Hertz (foto) em 1888, seria justo citar apenas um inventor para o rádio? Sabemos, no plural, pois individualmente sabe-se muito pouco, quase nada sobre a maioria das coisas. E a essência da ciência é essa. Nada mais que um acúmulo coletivo de experiências, buscando um meio objetivo de tentar entender o mundo em que evoluímos.

Pouco mais de um século depois, outro grande invento da humanidade deu à comunicação asas velozes do tamanho do mundo. E a produção de ciência acompanhou a ascensão da internet e dos gigabytes. Não existem apenas mais pessoas fazendo pesquisa, cada pessoa faz mais. A comunicação online foi a alavanca dessa conquista, mas em geral os pesquisadores brasileiros exploram pouco os recursos da web. Se por um lado cada pesquisador cumpre sua função publicando suas idéias e resultados relevantes em revistas de alto fator de impacto, 'peer reviewed' com um corpo editorial rigoroso, isso está perfeitamente correto. Isso é lastro científico. Porém, por outro lado, a comunicação científica complementar desses mesmos resultados para o restante da sociedade em veículos especializados fica relegada ao terceiro plano, à penúltima página da agenda, a uma idéia lembrada em um momento inoportuno. Infelizmente, muitas vezes os responsáveis pelas pautas jornalísticas cometem gafes com imprecisão, são apressados e não permitem a revisão de conteúdo antes de apertar a tecla PRESS. Contudo, algumas vezes, alguns jornalistas cometem delitos dignos de mea culpa.

Um exemplo fresquinho vem de uma entrevista na revista Época sobre o pesquisador Alexandre Aleixo (foto), do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Ainda que o conteúdo das respostas de Aleixo reflita a experiência e profissionalismo de alguém que é "apenas" o curador da coleção de aves do MPEG, a abordagem da entrevistadora induz o leitor de forma subliminar a se armar contra um absurdo óbvio: estão matando passarinhos indefesos e chamando isso de ciência. A repercussão não foi das menores: a entrevista, publicada em 31/10/08, foi a mais comentada na última semana no site da Época. A Assessoria de Comunicação do MPEG escreveu uma resposta ao editor da revista protestando com toda a razão. Aparentemente, tomando alguns comentários a esse artigo e o posicionamento incisivo da entrevistadora, o público não tem uma idéia clara da realidade de pesquisa básica sobre biodiversidade, seja na Amazônia ou em qualquer outro lugar do mundo.

Esse tipo de desserviço jornalístico à imagem de cientistas brasileiros idôneos e produtivos não deve ficar impune, mas sim gerar uma revolta inteligente por parte dos pesquisadores, uma revolta tranquila, que os leve a tomar as rédeas da comunicação dos resultados de suas pesquisas à sociedade. A ignorância leva ao medo. E o medo ao erro. Pois bem, um bom modo de vencer o medo é dialogar com as pessoas sobre nosso trabalho, usando canais de divulgação rápidos, precisos e eficientes. Este blog [ULE, União Local de Ecólogos (Inpa)] é um exemplo metafísico (e gratuito) que isso não é tão inacessível assim. Acreditamos que isso aumentará muito a visibilidade do nosso trabalho. Um jornalista especializado em meio ambiente me escreveu recentemente: "O blog é bem interessante. Primeiro, porque é um canal de divulgação rápido e preciso; segundo, porque facilita a vida dos repórteres, dado que a maioria dos pesquisadores tem pouquíssimo tempo para atender a jornalistas e com o blog a informação é mais rapidamente divulgada. Boa iniciativa. Espero que prospere. Qualquer novidade é só entrar em contato."

Parcerias entre jornalistas e pesquisadores devem ser estimuladas, sempre buscando devolver ao público um pouco do investimento; afinal muito dos recursos que bancam as pesquisas são públicos. Críticas saudáveis sempre serão bem-vindas, mas abordagens infantis dentro de um periódico do escopo da revista Época devem ser rechaçadas com veemência.

9 de novembro de 2008

Um pouco de consumo... a história das coisas, um documentário de Annie Leonard


The Story of Stuff [Annie Leonard, 20', 2007].

Esta talvez seja umas das abordagens mais geniais sobre como precisamos adequar o funcionamento da nossa sociedade a um pensamento sistêmico, focando em mudanças estruturais na forma de leis, impostos e benefícios para otimizar a economia de materiais, leia-se consumo, nas grandes cidades do mundo todo. A história das coisas é um documentário californiano, muito profundo e abrangente, sobre o tema consumo. O ar infantil pode cansar alguns impacientes. Contudo, esse talvez não seja apenas um mero detalhe: nas crianças mora a esperança do futuro. Eu recomendo muito assistir e divulgar esse video.

O documentário foi escrito por Annie Leonard e produzido pela Free Range Studios.

Assista ao documentário a
Histórias das Coisas em Português.

Essa versão foi produzida nos Estúdios Gavi New Track - SP, com direção e edição de Fábio Gavi e locução de Nina Garcia. A adaptação ao texto foi feita por Denise Zepter.

Assista a versão original em inglês do documentário
The Story of Stuff.

Para baixar o video (50 MB) em inglês,
clique aqui.