11 de junho de 2010

Falta de acesso ao acervo da biblioteca do Inpa limita o desenvolvimento acadêmico de seus alunos


Um País é feito de Homens e Livros
Monteiro Lobato

Por
João Vitor C. e Silva - JB

Caros pesquisadores, alunos e servidores, cá estou para derramar sobre esse papel uma grande angústia que chega a me causar calafrios nas tardes acaloradas dessa babilônia. Não estaria expondo minha singela opinião se por trás da crítica não estivesse um dos maiores institutos (se não o maior) de pesquisas tropicais do mundo. Mas a todo instante, em meio a esse bosque repleto de inspiração, me vem à cabeça a perturbadora pergunta: Para que serve a biblioteca do INPA?

Navegando pelo site da referida instituição, espantosamente, encontro as seguintes informações:

Biblioteca do Inpa é referência sobre Amazônia. Criada em julho de 1954 reúne uma das maiores bibliografias nacionais sobre a Amazônia. Dissertações de mestrado, teses de doutorado, monografias e livros publicados pelo Inpa, além de toda a coleção da revista científica Acta Amazônica, figuram entre as mais de 199 mil obras do acervo”.

Ora, se a biblioteca é referência para a Amazônia por que tratar os livros como jóias que devem ser guardadas a sete chaves? O objetivo maior de uma biblioteca não deveria ser a facilitação do encontro entre o leitor e a obra? Para que serve uma biblioteca se não for para promover o desenvolvimento cultural, artístico, científico e político de seus usuários?

Inúmeras vezes adentrei os espaço da biblioteca com o objetivo de conhecer algumas dessas quase 200 mil obras sobra a Amazônia, mas é impossível! Só há acesso às obras que já conhecemos ou ouvimos falar. No maior instituto de pesquisa da Amazônia não nos dão o direito de garimpar a informação dentro do próprio acervo de consulta! Obviamente que a crítica não é aos servidores que trabalham muito bem e em todas as ocasiões que estive por lá sempre foram muito solícitos. No entanto, o sistema bibliotecário do INPA é bastante ineficiente e poda a possibilidade de germinação e proliferação de grandes idéias!

Muitas vezes as belas descobertas não ocorrem pelos caminhos exatos de uma reta e sim pelas tortuosas incertezas de uma curva. Recordo-me, nesse parco tempo de vida acadêmica, que foi procurando algum tratado de biologia evolutiva que descobri a poesia de Pablo Neruda; e foi vasculhando a ecologia de Pianka que aflorou em minhas mãos a crítica contundente de Henry Thoreau. Lembro-me também, que foi entre pesquisas sobre ácidos oxalacéticos e málicos do ciclo de krebs que descobri o valioso livro “O Povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro.

Senhoras e senhores, não façamos de uma biblioteca um espaço bancário que se mantém apenas sobre o sombrio balanço entre empréstimos e devoluções. Façamos dela um local de descobertas, um portal para as belas façanhas humanas, façamos dela a cura para nossos devaneios ou a loucura necessária para o brilho de nossa sobriedade, isso é extremamente importante para a formação ampla de um cientista!!!

Mas para isso, é fundamental que a biblioteca tenha um LIVRE ACESSO A SEUS ACERVOS!!!!!

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5 comentários:

Fabricera disse...

JB, to contigo e não abro.

Thiago Izzo disse...

Essa foi uma luta de 10 anos que tive. Tive reuniões sobre o tema com o Kerr, com o Marcus barros e com o José (o Val já não foi da minha "época"). Sabe aquele corredor fechado entre os dois prédios, pois é. Briga minha. Antes os funcionarias ficavam lá, no espaço aberto, conversando. Eu denunciei isso na congregação, e conjuntamente houve dois roubos do material exposto, (no período de trabalho, com eles tomando chá). Mas não consegui ir além disso, pois barra na contratação de gente habilitada e, quando vc demonstra a inoperância o setor inoperante se defende. E é xingamento público. Aí todo mundo vem dar tapinha nas costas mas NINGUEM assina nada. Até alguns alunos mudam de opinião e falam que está tudo jóia!
Fato: pra se ter uma pos-graduação, é necessário que haja uma biblioteca. A nossa só serve pra isso. Atender a critérios de avaliação, mas não aos alunos do inpa. Se tiver alguma briga, me chamem! Mas se for só fogo de palha...

Fabricio Baccaro disse...

Só acrescentando uma coisa. A biblioteca pode contar pontos somente na avaliação do CNPq (programa de pós-graduação), mas teoricamente ela deveria funcionar para toda a comunidade científica. É simplesmente deprimente não poder entrar no acervo.

Enfim, se o problema é o roubo dos preciosos e intocáveis livros, porque não fazer como em toda biblioteca universitária do resto do Brasil. Exigir um nada consta da biblioteca para poder retirar o diploma ou o certificado? Na realidade eu acho que eles já pedem isso, mas como eu NUNCA usei a biblioteca do INPA nem me lembro de ter pedido tal documento. Afinal aonde fica a biblioteca do INPA?

João Vitor Campos e Silva (JB) disse...

Parece haver uma concordância entre pesquisadores e alunos sobre a ineficacia da biblioteca.

Como poderíamos nos osganizar para reivindicar uma mudança nisso?

Eu topo puxar a briga...acho muito importante o acesso aos acervos na formação de um aluno!

JB

Poneis disse...

Cara temos um potencial absurdo em todos os sentidos na Amazonia, mas por motivos que não sei quais, estamos sem subsídios, sem livros,e em pouco tempo ficaremos sem amazonia também.